Casa dos
Pobres de Vitória de Santo Antão
Associação Civil, de fins não econômicos, de
direito provado e de caráter social, beneficente e religioso, inscrito no
cadastro nacional de pessoa jurídica – CNPJ 11.867.801/0001-75. Fundada por Dr.
Mário de Farias Castro e o Cônego Américo Pita em 06 de fevereiro de 1935. A
partir de 1948 sob a doutrina do Instituto das Filhas de Maria Servas da
Caridade. Sede e fórum na cidade de Vitória de Santo Antão, à rua Professor
Juca, s/n, CEP 55.612-460.
A Casa dos Pobres tem por finalidade:
a) Proteção à velhice,
sendo organismo de proteção dos idosos desamparados de Vitória de Santo Antão e
cidade vizinhas;
b) Ações de prevenções,
habilitação e reabilitação dos idosos portadores de deficiências físicas e
motoras e, a promoção de sua integração “a vida comunitária”;
c) Assistência à
saúde,albergando os idosos e dando-lhe assistência médica, odontológica,
jurídica e religiosa;
d) Ser presença de
gratuidade evangélica no meio dos pobres, cultivando assim, as sementes do
Reino que existe no meio deles.
Coordenação:
Presidente: Irmã Celina
Tesoureira: Irmã
Francisca
Secretária: Irmã Salete
Patronos:
São
Francisco de Assis, Santo Antônio dos Pobres e Nossa Senhora das Graças
São
Francisco de Assis
Nasceu
em Assis, Itália, em 1182. Era filho de Pedro Bernardone, um rico comerciante,
e Pia, de família nobre da Provença. Na juventude, Francisco era muito
rico e esbanjava dinheiro com ostentações. Porém, os negócios de seu pai não
lhe despertaram interesse, muito menos os estudos. O que ele queria mesmo era
se divertir. Porém, São Boaventura, seu contemporâneo, escreveu sobre ele: “Mas, com
o auxílio divino, jamais se deixou levar pelo ardor das paixões que dominavam
os jovens de sua companhia”.
Vida de São Francisco
Na
juventude de Francisco, por volta de seus vinte anos, uma guerra começou entre
as cidades italianas chamadas Perugia e Assis. Ele queria combater em Espoleto,
entre Assis e Roma, mas caiu enfermo. Durante a doença, Francisco ouviu uma voz
sobrenatural. Esta lhe pedia para ele "servir
ao amor e ao Servo". Pouco a pouco,
com muita oração, Francisco sentiu em seu coração a necessidade de vender seus
bens e “comprar a pérola preciosa” sobre a qual ele lera no Evangelho.
Certa vez, ao encontrar um leproso,
apesar da repulsa natural, venceu sua vontade e beijou o doente. Foi um gesto
movido pelo Espírito Santo. A partir desse momento, ele passou a fazer visitas
e a servir aos doentes que sem encontravam nos hospitais. Aos pobres,
presenteava com suas próprias roupas e também com o dinheiro que tivesse no
momento.
O Chamado
Num
dia simples, mas muito especial, num momento em que Francisco rezava sozinho na
Igreja de São Damião, em Assis, ele sentiu que o crucifixo falava com
ele, repetindo por três vezes a frase que ficou famosa: "Francisco, repara minha casa, pois olhas
que está em ruínas". O santo vendeu
tudo o que tinha e levou o dinheiro ao padre da Igreja de São Damião, e pediu
permissão para viver com ele. Francisco tinha vinte e cinco anos.
Pedro Bernardone, ao saber o que seu
filho tinha feito, foi buscá-lo indignado, levou-o para casa, bateu nele e
acorrentou-o pelos pés. A mãe, porém, o libertou na ausência do marido, e o
jovem retornou a São Damião. Seu pai foi de novo buscá-lo. Mandou que ele
voltasse para casa ou que renunciasse à sua herança. Francisco então renunciou
a toda a herança e disse: "As roupas que levo pertencem também a meu pai,
tenho que devolvê-las". Em seguida se desnudou e entregou suas roupas a
seu pai, dizendo-lhe: “Até agora tu tem sido meu pai na terra, mas agora
poderei dizer: ‘Pai nosso, que estais nos céus”.
Renúncia de São Francisco de Assis
Para
reparar a Igreja de São Damião, Francisco pedia esmola em Assis. Terminado esse
trabalho, começou reformar a Igreja
de São Pedro. Depois, ele retirou-se para morar
numa capela com o nome de Porciúncula. Ela fazia parte da abadia de Monte Subasio, cuidada
pelos beneditinos. Ali o céu lhe mostrou o que realmente esperava dele.
O
trecho do Evangelho da Missa daquele dia dizia: "Ide a pregar, dizendo: o Reino de Deus tinha
chegado. Dai gratuitamente o que haveis recebido gratuitamente. Não possuas
ouro, nem duas túnicas, nem sandálias...” A
estas palavras, Francisco tirou suas sandálias, seu cinturão e ficou somente
com a túnica.
Milagres de São Francisco de Assis
Deus
lhe concedeu o dom da profecia e o dos milagres. Quando Francisco pedia esmolas
com o fim de restaurar a Igreja de São Damião, ele dizia: "Um dia haverá ali um convento de religiosas,
em cujo nome se glorificará o Senhor e a Igreja". A profecia se confirmou cinco depois com
Santa Clara e suas religiosas. Ao curar, com um beijo, o câncer que havia
desfigurado o rosto de um homem, São Boaventura comentou para São Francisco de
Assis: "Não se há que admirar mais o beijo do que o milagre?"
Fundação da Ordem dos Frades Menores
(O.F.M.)
Francisco começou a anunciar a
verdade, no ardor do Espírito de Cristo. Convidou outros a se associarem a ele
na busca da perfeita santidade, insistindo para que levassem uma vida de penitência.
Alguns começaram a praticar a penitência e em seguida se associaram a ele,
partilhando a mesma vida. O humilde São Francisco de Assis decidiu que eles se
chamariam Frades Menores.
Surgiram
assim os primeiros 12 discípulos que, segundo registram alguns documentos,
“foram homens de tão grande santidade que, desde os Apóstolos até hoje, não viu
o mundo homens tão maravilhosos e santos”. O próprio Francisco disse em
testamento: “Aqueles que vinham abraçar esta vida, distribuíam aos pobres tudo
o que tinham. Contentavam-se só com uma túnica, uma corda e um par de calções,
e não queriam mais nada”. Os novos apóstolos reuniram-se em torno da pequena
igreja da Porciúncula, ou Santa
Maria dos Anjos, que passou a ser o berço da Ordem.
A nova ordem religiosa de São Francisco
de Assis
Em
1210, quando o grupo contava com doze membros, São Francisco de Assis redigiu
uma regra pequena e informal. Esta regra era, na sua maioria, os conselhos de
Jesus para que possamos alcançar a perfeição. Com ela foram à Roma apresentá-la
ao Sumo Pontífice. Lá, porém,relutavam em aprovar a nova comunidade. Eles
achavam que o ideal de Francisco era muito rígido a respeito da pobreza. Por
fim, porém, um cardeal afirmou: "Não
podemos proibir que vivam como Cristo mandou no Evangelho".
Receberam a aprovação e voltaram a
Assis, vivendo na pobreza, em oração, em santa alegria e grande fraternidade,
junto a Igreja da Porciúncula. Mais tarde, Inocêncio III mandou chamar São
Francisco de Assis e aprovou a regra verbalmente. Logo em seguida o papa impôs
a eles o corte dos cabelos, e lhes enviou em missão de pregarem a penitência.
São Francisco de Assis, um exemplo de
vida
São Francisco de Assis manifestava
seu amor a Deus por uma alegria imensa, que se expressava muitas vezes em cânticos
ardorosos. A quem lhe perguntava qual a razão de tal alegria, respondia que
“ela deriva da pureza do coração e da constância na oração”.
A
santidade de São Francisco de Assis lhe angariou muitos discípulos e atraiu
também uma jovem, filha do Conde de Sasso Rosso, Clara, de 17 anos. Desde o
momento em que o ouviu pregar, compreendeu que a vida que ele indicava era a
que Deus queria para ela. Francisco tornou-se seu guia e pai espiritual. Nascia
assim a Ordem Segunda dos Franciscanos, a das Clarissas. Depois, Inês, irmã de Clara, a
seguia no claustro; mais tarde uma terceira, Beatriz se juntou a elas.
Sabedoria divina
Certa vez, São Francisco de Assis,
sentindo-se fortemente tentado pela impureza, deitou-se sem roupas sobre a
neve. Outra vez, num momento de tentação ainda mais violenta, ele rolou sobre
espinhos para não pecar e vencer suas inclinações carnais.
Sua humildade não consistia
simplesmente no desprezo sentimental de si mesmo, mas na convicção de que
"ante os olhos de Deus o homem vale pelo que é e não mais".
Considerando-se indigno do sacerdócio, São Francisco de Assis apenas chegou a
receber o diaconato. Detestava de todo coração o exibicionismo.
Uma
vez contaram-lhe que um dos irmãos amava tanto o silêncio que até quando ia se
confessar, fazia-o por sinais. São Francisco respondeu desgostoso:"Isso não procede do Espírito de Deus, mas sim
do demônio; é uma tentação e não um ato de virtude". Francisco tinha o dom da sabedoria. Certa vez, um
frade lhe pediu permissão para estudar. Francisco respondeu que, se o frade
repetisse com amor e devoção a oração "Glória
ao Pai", se tornaria sábio aos olhos de
Deus. Ele mesmo, Francisco, era um grande exemplo da sabedoria dessa maneira
adquirida.
São Francisco de Assis e os animais
A proximidade de Francisco com a
natureza sempre foi a faceta mais conhecida deste santo. Seu amor universalista
abrangia toda a Criação, e simbolizava um retorno a um estado de inocência,
como Adão e Eva no Jardim do Éden.
Os estigmas de São Francisco de Assis
Dois anos antes de sua morte, tendo
Francisco ido ao Monte Alverne em companhia de alguns de seus frades mais
íntimos, pôs-se em oração fervorosa e foi objeto de uma graça insigne.
Na figura de um serafim de seis asas
apareceu-lhe Nosso Senhor crucificado que, depois de entreter-se com ele em
doce colóquio, partiu deixando-lhe impressos no corpo os sagrados estigmas da
Paixão. Assim, esse discípulo de Cristo, que tanto desejara assemelhar-se a
Ele, obteve mais este traço de similitude com o Divino Salvador.
Devoção a São Francisco de Assis
No verão de 1225, Francisco esteve
tão enfermo, que o cardeal Ugolino e o irmão Elias o levaram ao médico do Papa,
em Rieti. São Francisco de Assis perguntou a verdade e lhe dissessem que lhe
restava apenas umas semanas de vida. "Bem vinda, irmã Morte!",
exclamou o santo.
Em
seguida pediu para ser levado à Porciúncula. Morreu no dia três de outubro de
1226, com menos de 45 anos, depois de escutar a leitura da Paixão do Senhor.
Ele queria ser sepultado no cemitério dos criminosos, mas seus irmãos o levaram
em solene procissão à Igreja de São Jorge, em Assis.
Ali
esteve depositado até dois anos depois da canonização. Em 1230, foi
secretamente trasladado à grande basílica construída pelo irmão Elias. Ele foi
canonizado apenas dois anos depois da morte, em 1228, pelo Papa Gregório IX.
Sua festa é celebrada em 04 de outubro.
Oração a São Francisco de Assis
Senhor, fazei-me instrumento de vossa
paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o
perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a
união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a
verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a
esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a
alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a
luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida
eterna.
(Fonte: http://www.cruzterrasanta.com.br)
Santo
Antonio e os Pobres
Um costume antes muito
difundido nas igrejas era o do “pão de Santo Antônio”. Tratava-se de um cofre
de esmolas colocado nas igrejas com a inscrição “pão de Santo Antônio”. A
coleta daquele cofre destinava-se única e exclusivamente aos pobres. Mais
precisamente, com aquela arrecadação comprava-se o pão que semanalmente era
distribuído aos pobres. Esse costume pode-se ainda perceber em algumas igrejas
em que, todas as terças-feiras, são benzidos os pãezinhos – geralmente após a
missa – e distribuídos aos fiéis.
Três são os episódios apontados
como origem do “pão de Santo Antônio”. O primeiro narra que Santo Antônio,
certa vez, comovido com a situação dos pobres, distribuíra entre eles todo o pão
do convento. O frade padeiro, na hora da refeição, desesperado por não ter um
pão sequer para alimentar os confrades, veio a Antônio para contar-lhe que todo
o pão tinha desaparecido. Antônio pediu-lhe que verificasse mais atentamente o
cesto onde se colocavam os pães. Pouco depois, voltou o frade padeiro com a
notícia de que o cesto estava transbordando de tanto pão. Daquele pão foram
saciados os frades e todos os mendigos que vieram pedir-lhes esmolas.
Outro episódio conta que um
menino caíra e se afogara num tanque cheio de água. A mãe, em prantos, recorreu
a Santo Antônio, prometendo que, se o menino recuperasse a vida, ela tomaria
uma quantidade de farinha de trigo, equivalente ao peso do menino, e faria pão
para distribuir aos pobres. O milagre aconteceu, e a promessa foi cumprida. Por
isso, o costume teria tido no início o nome de pondus pueri (peso do menino).
Ainda outro episódio liga o
“pão de Santo Antônio” a uma senhora de Toulon (França). Não conseguindo abrir
a porta de seu estabelecimento, fez uma promessa a Santo Antônio que, se não
fosse preciso arrombar a porta, daria certa quantidade de pão aos pobres.
Conseguida a graça, cumpriu a promessa. Colocou ainda em seu estabelecimento
uma imagem de Santo Antônio e um cofre com a inscrição “pão de Santo Antônio”.
Todas as esmolas que os fregueses ali depositavam eram usadas para comprar pão
para os pobres.
Mesmo que o costume do “pão de
Santo Antônio” esteja hoje quase totalmente esquecido, fato é que o nome de
Santo Antônio ainda continua de alguma forma ligado aos pobres, pois muitas
obras de caridade, de promoção social e de educação trazem o nome do santo. E
embora divirjam os episódios que são colocados como origem da tradição do “pão
de Santo Antônio”, a pergunta de fundo que se nos apresenta é esta: qual foi o
relacionamento de Santo Antônio com os pobres? Por que Santo Antônio mereceu
receber do teólogo franciscano João de la Rochelle o título de “doce consolador
dos pobres”?
Uma coisa é certa: no tempo de
Santo Antônio, a pobreza era crescente. A passagem de uma sociedade feudal para
uma sociedade burguesa trouxe muita pobreza, especialmente nas cidades.
Enquanto a sociedade feudal se caracterizava pela posse, distribuição e uso da
terra, tendo, portanto, seu centro de gravitação no campo, a burguesa
caracterizava-se pelo comércio, pelo uso do dinheiro, pelo giro do capital,
pelo trabalho assalariado, tendo como centro gravitacional as cidades.
E a pobreza das cidades era
mais aguda do que a pobreza do campo. No campo, onde se colhia o produto da
terra, o pobre sempre encontrava meios de matar sua fome e de cobrir sua nudez
contra o frio. Nas cidades, o pobre não tinha muitas vezes nem sequer como
matar sua fome. A falta de trabalho, a exploração por parte dos que ofereciam
trabalho, os baixos salários e os altos preços das mercadorias básicas para o
sustento geravam pobreza extrema, fome negra, desnutrição e doenças
inevitáveis. E a nova sociedade não estava preparada para socorrer as massas de
pobres que ela mesma produzia. Além de leprosários e de hospitais para
peregrinos e viajantes, não havia instituições caritativas que atenuassem a
indigência dos pobres. Estes dependiam unicamente da caridade (esmola) das
pessoas de boa vontade.
Não consta que Santo Antônio se
tenha dedicado a obras caritativas e de assistência aos pobres. O que
certamente acontecia – que também se dava com Francisco e com os demais frades
– é que os pobres que a ele recorriam eram acolhidos benignamente e recebiam
alguma esmola.
Mas Santo Antônio, mais do que
pelo fato de receber benignamente o pobre e de dar-lhe esmolas, merece o título
de “doce consolador dos pobres” por ter atacado a raiz da pobreza e da miséria.
Pelo que nós percebemos em seus sermões, dar-lhe-íamos antes o título de
“estrênuo defensor dos pobres”.
Em seus sermões, de fato,
Antônio não se cansa de atacar o egoísmo dos ricos, a exploração dos operários,
a opressão e espoliação dos pobres por parte dos poderosos, as violências
contra a vida deles. Menção especial merece o combate que Antônio trava do púlpito
contra os usurários, espoliadores inescrupulosos dos pobres, agentes de sua
própria riqueza e causadores da pobreza e da desgraça de muitos infelizes,
concentradores de riquezas e geradores de miséria. A melhor defesa dos pobres,
portanto, foi a crítica que Antônio fez a uma sociedade que privilegiava, com
grandes riquezas, a alguns, e privava a inúmeras famílias do mínimo necessário
para a própria sobrevivência. E a sua crítica não era dirigida à sociedade em
si, mas às pessoas diretamente envolvidas, isto é, aos ricos, aos avarentos,
aos poderosos, aos usurários e até ao clero. Para Antônio, a própria situação
de riqueza de alguns constituía uma afronta aos pobres. Ao comentar, por
exemplo, a parábola do rico e de Lázaro (Lc 16,19-31), assim ele se expressa:
“O rico afligia a Lázaro, porque lhe roubava o benefício que lhe devia dar. Diz
Isaías àqueles que não dão aos pobres o que lhes pertence: ‘As rapinas feitas
ao pobre encontram-se em vossa casa. Por que razão calcais aos pés o meu povo e
moeis a pancadas os rostos dos pobres?(. .. )’ A abundância do rico afrontava a
miséria do pobre e lançava-lhe ao rosto; o rico exprobrava Lázaro coberto de
chagas, quando passava vestido de púrpura diante de Lázaro, que estava em
frente de suas portas” (l).
Em outro sermão, comentando o
texto bíblico “vi entre os despojos uma capa de escarlate muito boa” (Js 7,21),
Antônio indica quem são as pessoas que tiram os poucos bens dos pobres: “A capa
escarlate significa os haveres dos pobres adquiridos com muito suor e sangue …
Os soldados e os burgueses avarentos e os usurários roubam a capa de escarlate
… Os ricos e os poderosos deste mundo tiram aos pobres, a quem chamam de vilãos
– sendo que eles próprios são os vilãos do diabo – os seus pobres haveres
adquiridos com sangue, de que se vestem de qualquer maneira” (2).
A terminologia de Antônio
tornava-se agressiva, quando se tratava de defender os “pobres de Cristo”, como
ele costumava chamá-los. Usava comparações que certamente em nada agradavam aos
usurários. Sua linguagem era muito próxima à dos grandes profetas bíblicos,
como se pode perceber neste pequeno texto: “O povo amaldiçoado dos usurários
tornou-se grande e forte sobre a terra. Seus dentes são como presas de leões. O
leão tem duas características: a nuca inflexível formada de um único osso e a
boca malcheirosa. Igualmente inflexível é a nuca do usurário, pois ele não teme
nem a Deus nem aos homens; sua boca cheira muito mal, pois ele não tem outra
coisa na boca, a não ser o imundo dinheiro e sua imunda usura. Seus dentes são
como os dos leõezinhos, pois ele devora os bens dos pobres, dos órfãos e das
viúvas” (3).
Ao defender os pobres, Antônio
não recua diante dos prelados e poderosos. Não será o fato de uma pessoa estar
constituída em dignidade eclesiástica ou civil que o fará calar no peito o seu
clamor profético: “Não é sem grande dor que referimos atitudes de prelados da
Igreja e de grandes varões deste século: fazem esperar muito tempo os pobres de
Cristo que se demoram a clamar à sua porta e a pedir esmola, com voz embargada
pelas lágrimas. Por fim, depois de terem comido bem e talvez, uma vez ou outra,
inebriados, mandam dar-lhes alguns restos de sua mesa e as lavaduras da cozinha
(4).
Antônio era um homem cheio de
compaixão pelos pobres. Ele sentia todo o drama da vida dos pobres de seu
tempo. E percebia que a dramaticidade da vida do pobre eram as mãos gananciosas
dos ricos e poderosos a tirar-lhe a vida. O seguinte texto mostra como é
dramática a situação do pobre: “Quem segura uma pessoa pela goela, tira-lhe a
voz e a vida. As posses do pobre são a vida dele; como a vida vive do sangue,
assim ele deve viver disso. Se tiras ao pobre seus parcos haveres, sugas o
sangue dele e o asfixias; e, no fim, serás tu mesmo asfixiado pelo demônio”
(5).
Como Francisco, Antônio também
vê na pessoa do pobre o sacramental do próprio Cristo. E é exatamente esta
compreensão do pobre que restitui a este a sua dignidade de pessoa humana, o
que, aliás, vale muito mais do que qualquer quantidade de esmolas. A esmola,
por sua vez, dada a partir desta concepção, reverterá em beneficio também do
doador. Sobre isto, assim se expressa Antônio: “Agora, o Senhor está à porta,
na pessoa dos seus pobres, e bate. Abre-se-lhe, quando se dá de comer ao pobre.
A refeição do pobre é o descanso de Cristo. O que fizerdes a um dos meus irmãos
mais pequeninos é a mim que o fareis … ‘Deita a esmola no seio do pobre e ela
(a esmola) pedirá por ti, para que os pecados te sejam perdoados, o teu
espírito seja iluminado e a glória eterna te seja concedida” (6).
E o martelo da palavra de
Antônio bate forte contra aqueles que não vêem nos pobres a pessoa de Cristo:
“Esta é a resposta do avarento dada aos pobres de Cristo. Nada lhes dá,
blasfema e envergonha-os. Por isso, acontecerá o que segue: ‘E o seu coração
morreu interiormente e ele se tornou como uma pedra.’ Tudo isto acontece ao
avarento, quando se lhe subtrai a graça e é privado de entranhas de piedade
(7).
A visão do pobre como
sacramental de Cristo, ao mesmo tempo que provoca em Antônio indignação contra
os avarentos e usurários, move-o de compaixão para com os defeitos dos pobres.
E ele vê na pobreza, e não na riqueza, a medicina capaz de curar os defeitos
das pessoas. Assim, ele diz em um de seus sermões: “Se acaso vemos coisas
repreensíveis nos pobres, não devemos desprezá-los, porque talvez a medicina da
pobreza cure os que a fraqueza do caráter vulnera” (8).
O combate de Antônio a partir
do púlpito teve efeito muito concreto. Não se sabe qual o conteúdo de suas
pregações quaresmais na cidade de Pádua no ano de 1231. Mas ele deve ter batido
muito e fortemente na tecla dos usurários. Resultado destas suas pregações foi
uma lei, promulgada em Pádua, que dizia respeito à usura e às leis válidas para
o empréstimo de dinheiro. As leis vigentes puniam os devedores e fiadores
insolventes com a prisão perpétua, independentemente se a pessoa apenas estava
impossibilitada de pagar ou se dolosamente se recusava a pagar suas dívidas.
Com isto, os usurários, os magnatas do capital, apossavam-se dos bens do devedor
e do fiador insolventes. Deste modo, o devedor, além de ser vítima do sistema
iníquo da usura, era vítima de uma lei injusta.
Aos 15 de março de 1231, o
governo de Pádua promulgou uma lei nova nos seguintes termos: “A pedido do
venerável irmão Antônio, confessor da Ordem dos Frades Menores, para o futuro,
nenhum devedor ou fiador poderá ser privado pessoalmente de sua liberdade,
quando ele se tornar insolvente. Somente suas posses poderão ser apreendidas
neste caso, não porém sua pessoa e sua liberdade”.
Diz o provérbio: percam-se os
anéis, salvem-se os dedos. Com esta lei promulgada por sua intercessão, Antônio
conseguia pelo menos salvar a dignidade das vítimas da usura.
Frei
Celso Márcio Teixeira, OFM
(Fonte: http://conventosantoantonio.org.br)
Nossa Senhora das Graças
Origem na eternidade
A
história de Nossa Senhora das Graças começa, na verdade, fora do tempo, quando
o Pai, nos seus mais altos desígnios, planejou a encarnação de seu Filho Jesus,
no seio da humanidade. Nesse momento, o Pai também pensou em Maria, pois, seu
Filho teria que ter uma mãe humana. E a mãe do Salvador teria que ser “cheia de
graça”. E assim aconteceu. A história começou, o mundo foi criado, o homem
decaiu e Deus prometeu o Salvador. Por isso, Ele preparou Maria. Tanto que,
quando o Anjo Gabriel apareceu para anunciar que ela seria a Mãe de Jesus,
afirmou que ela era “cheia de graça”. (Lucas 1, 28)
Portadora de todas as graças
Em seguida, quando Maria
disse o seu “sim” a Deus, diante do mesmo Anjo Gabriel, ela passou a ser
portadora da maior de todas as graças que a humanidade poderia receber: o
próprio Filho de Deus. Gerando Jesus para o mundo, Maria proporcionou que todas
a graças chegassem até nós.
O título Nossa Senhora das Graças
Desde o início da Igreja,
Maria sempre foi vista como “portadora das graças”. Porém, o título “Nossa
Senhor das Graças” surgiu num determinado tempo da história e num local
específico. Estamos falando das 17 horas e 30 minutos do dia 27 de novembro de
1830, na Rua Du Bac, 140, em Paris, França. Neste local e data especificados,
Catarina Labouré, então noviça da Congregação de São Vicente de Paulo, foi até
à capela impelida para rezar. Estando em oração, teve uma visão da Virgem
Maria, que se revelou a ela como Nossa Senhora das Graças.
A aparição
E
tal revelação não aconteceu somente por palavras. Nossa Senhora deu a Catarina
Labouré uma visão reveladora. Vejamos o relato da própria Catarina que, depois,
se tornou santa: "...uma Senhora de mediana
estatura, de rosto muito belo e formoso... Estava de pé, com um vestido de
seda, cor de branco-aurora. Cobria-lhe a cabeça um véu azul, que descia até os
pés... As mãos estenderam-se para a terra, enchendo-se de anéis cobertos de
pedras preciosas. A Santíssima Virgem disse-me: ‘Eis o símbolo das Graças que
derramo sobre todas as pessoas que mas pedem ...’ Formou-se então, em volta de
Nossa Senhora, um quadro oval, em que se liam, em letras de ouro, estas
palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós’.
Depois disso o quadro que eu via virou-se, e eu vi no seu reverso: a letra M,
tendo uma cruz na parte de cima, com um traço na base. Por baixo: os Sagrados
Corações de Jesus e de Maria. O de Jesus, cercado por uma coroa de espinhos e a
arder em chamas, e o de Maria também em chamas e atravessado por uma espada,
cercado de doze estrelas. Ao mesmo tempo, ouvi distintamente a voz da Senhora,
a dizer-me: ‘Manda, manda cunhar uma medalha por este modelo. As pessoas que a
trouxeram, com devoção, hão de receber muitas graças”.
A revelação de Nossa Senhora das Graças
Enquanto
contemplava esta cena maravilhosa, Maria sobre o globo terrestre e raios saindo
de suas mãos em direção à terra, Catarina ouviu uma voz a lhe dizer: "Este globo que vês
representa o mundo inteiro e especialmente a França, e cada pessoa em
particular. Os raios são o símbolo das Graças que derramo sobre as pessoas que
Me as pedem. Os raios mais espessos correspondem às graças que as pessoas se
recordam de pedir. Os raios mais finos correspondem às graças que as pessoas
não se lembram de pedir.“
Pedir com fé
Compreendemos
que o título Nossa Senhora das Graças está intimamente ligado à revelação da
Medalha Milagrosa. Porém, as graças distribuídas por Nossa Senhora não dependem
do uso da Medalha e sim de pedir a ela com fé e devoção. Tanto que, em outra
aparição, Nossa Senhora se queixou a Santa Catarina Labouré dizendo: “Tenho muitas graças para distribuir... Mas as
pessoas não me pedem...”
O poder da Medalha Milagrosa
Depois de um tempo, Catarina
Labouré conseguiu que a medalha fosse cunhada, tal qual a Virgem Maria tinha
lhe pedido. Logo, esta medalha se tornou um fenômeno inimaginável. A promessa
da Virgem Maria se cumpria admiravelmente em todos os que usavam a Medalha com
devoção. Graças a ela, uma terrível epidemia da peste negra foi debelada na
França. Milhares de pessoas já tinham morrido quando a Medalha Milagrosa
começou a ser usada. Então, os doentes que a recebiam com fé começaram a ser
curados milagrosamente, pois a peste não tinha cura.
Milhões de Medalhas
Então, a Medalha Milagrosa
passou de milhares para milhões de cunhagens. Espalhou-se rapidamente pela
Europa livrando milhões de pessoas da peste. Depois, espalhou-se por todo o
mundo. E as graças continuam acontecendo até hoje. A medalha Milagrosa é a mais
cunhada de todos os tempos. O número de medalhas, porém, não se compara ao
número de graças derramadas pelas mãos cheias de amor da Virgem Maria, Nossa
Senhora das Graças.
O papel da Virgem Maria
É
interessante lembrar que Nossa Senhora é despenseira, ou seja, uma
“distribuidora” de graças. As graças são de Deus e só Ele pode dá-las. Mas, em
sua misericórdia, o senhor escolheu distribui-las pelas mãos de sua mãe, Maria.
Esta é a maravilha da nossa fé. Milhões de graças estão nas mãos de Nossa
Senhora e ela quer distribuí-las a seus filhos. É vontade de Deus que assim
seja. Por isso, vamos pedir a ela, com fé. São Bernardo de Claraval dizia que “Nunca se ouviu dizer que ela não atendeu a
quem pediu com fé.” Esta realidade maravilhosa é
testemunhada por milhões de pessoas, ao longo de séculos. Por isso, não deixe
de faze seus pedidos à Mãe Celestial. E não deixe também de usar a bendita
Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças. E grandes graças vão acontecer
na sua vida.
Oração a Nossa Senhora das Graças
“Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de
braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança
na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa,
embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas,
acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais
prementes necessidades (momento de silêncio e de pedir a graça desejada).
Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que
confiantes vos solicitamos, para maior Glória de Deus, engrandecimento do vosso
nome, e o bem de nossas almas. E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho,
inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre
como verdadeiros cristãos. “
Rezar 3 Ave Marias.
Jaculatória contida na Medalha:
“Ó Maria concebida sem
pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Amém.
(Fonte: http://www.cruzterrasanta.com.br)
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